terça-feira, 12 de julho de 2011

Um resistente a mais de 1400 metros de altitude.

Serra da Estrela... a montanha mais alta de Portugal continental. Assim que a subimos, as fragas e rochas abundam cada vez mais na paisagem. As árvores, pelo contrário, parecem desaparecer. E nós, conformados com este desfecho, talvez nunca nos tenhamos questionado... como seria esta serra sem nós?
Após séculos de pastoreio intensivo e com as consequentes queimadas sazonais, com a sobreexploração continuada de recursos florestais e com a falta de ordenamento territorial que assolou o nosso país nestas últimas décadas, ninguém suspeitaria que, especialmente entre os 800 e os 1600 metros de altitude, deveria ser uma árvore a dominar a paisagem! Surpreendidos? Desconfiados? Só se nos esquecermos que a nossa natureza é a de desafiar continuamente a Natureza.
Quando subirem esta serra imaginem-na parcialmente coberta de carvalhos-negrais. Mas o Homem e os seus animais de pastoreio (e mais recentemente a negligência), parecem ter sacudido todos os troncos, ramos e folhas destas árvores do maciço granítico.
Carvalho-negral junto à estrada nacional 338, perto da entrada para o Covão d`Ametade

Mas algumas árvores autóctones, por resistência ou apenas obra do acaso, teimaram em ficar. Este carvalho-negral, um dos últimos no andar altitudinal intermédio da Estrela, não é o mais belo da espécie. É, certamente, o mais solitário destas montanhas, em que os carvalhais de altitude já nem na mais anciã memória remanescem.
Já que esta serra tem sido tantas vezes transformada nuns "Pirinéus à porituguesa", seria bom relembrar que o nome desta espécie - Quercus pyrenaica - reflete a sua abundância nesta cadeia monatnhosa... não vá alguém lembrar-se que esta árvore não é suficientemente turística ou que o facto de as suas folhas caírem para a estrada, ou outro pensamento brilhante qualquer, lhe dite a sua sentença final.
Um carvalho não faz uma floresta... mas faz-nos perguntar do que é feito delas!

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